Uso eficiente da mão de obra na produção de suínos

Publicado em 28 de Janeiro de 2025

Uso eficiente da mão de obra na produção de suínos

As granjas estão cada vez maiores e mais eficientes, com maior acesso à tecnologia. No entanto, mão de obra qualificada continua sendo um desafio significativo em todo o setor. Esse cenário levou o segmento a focar na gestão e na eficiência da força de trabalho como pilares essenciais para maximizar a lucratividade na produção de suínos. Na Hypor, acreditamos que o sucesso vai além de simplesmente aumentar a produtividade; está também na melhoria da qualidade geral dos suínos, no comportamento social das matrizes e em sua capacidade de “fazer o trabalho por conta própria”. Essa abordagem permite aos produtores utilizarem a mão de obra de forma mais eficaz, gerando melhores resultados em todo o sistema de produção.

Eficiência da mão de obra: A chave para a lucratividade do sistema

Algumas granjas produzem suínos com muito menos trabalho e menos frustração do que outras. Pesquisas recentes indicam que 87% dos resultados na produção são influenciados pela atitude da equipe, enquanto apenas 13% são atribuídos às habilidades técnicas1. Na suinocultura o objetivo principal não é apenas bater recordes de produção, mas sim maximizar a lucratividade total do sistema. Embora haja uma correlação positiva entre os níveis de produção e os retornos financeiros, estudos demonstraram que apenas 40% das diferenças de desempenho econômico podem ser explicadas pelo número de suínos desmamados por matriz ao ano2. Além da produtividade, a qualidade dos animais desempenha papel crucial no desempenho final.

O número de funcionários ou as horas trabalhadas não podem ser determinados apenas com base no número de animais, mas também de fatores como o sistema de produção, as estratégias de manejo, a automação e os índices de produtividade esperados3, entre outros, como fatores culturais ou educacionais. Assim, a proporção de trabalhadores por fêmea pode variar significativamente: no noroeste da Europa, é comum uma relação de 1 trabalhador para cada 350 a 400 porcas, enquanto na América Latina ou na Ásia esse número pode ser de 1 trabalhador para menos de 100 porcas.

Granjas maiores, gerenciadas principalmente por mão de obra contratada, podem ser capazes de implementar práticas de manejo como a extensão das horas dedicadas às matrizes durante o parto ou a alocação de mais mão de obra para áreas específicas, como o desenvolvimento das marrãs. Por exemplo, o gerenciamento de uma sala de parto com 20 fêmeas leva menos tempo por animal do que uma sala com apenas 10.

Muitas granjas enfrentam escassez de mão de obra, principalmente devido à disponibilidade. Portanto, é fundamental otimizar a eficiência da equipe. Os fatores que influenciam a eficiência da mão de obra incluem as rotinas diárias de trabalho, o layout do galpão, a distância entre os edificios (operações mais antigas que se expandiram por meio de modificações enfrentam maiores desafios), o fluxo de produção (para rebanhos menores, os produtores podem otimizar a eficiência da mão de obra desmamando as matrizes a cada 2, 3, ou até mesmo 5 semanas, em vez de semanalmente), o nível de automação (alimentação, lavagem, controle ambiental etc.) e a quantidade de manutenção necessária.

Demandas de mão de obra

O manejo de matrizes envolve uma longa lista de tarefas. Desde a detecção do cio até à inseminação, desde o entrada na maternidade até a garantir que as matrizes estejam se alimentando bem durante a lactação, há muitas oportunidades para melhorar as práticas de manejo e a eficiência. Cerca de 50% da demanda de mão de obra concentra-se na sala de parto, devido ao processo de parição, aos cuidados com os leitões e ao manejo geral (Figura 1). À medida que as granjas alcançam um aumento no número total de leitões nascidos, a taxa de natimortos e a mortalidade pré-desmame tendem a aumentar. Se uma granja puder ter alguém cuidando dos animais na área de parto durante 18 horas por dia, em dois turnos, cerca de 85% dos partos poderão ser monitorados.

Entretanto, na maioria dos casos, isso não é viável. Portanto, é essencial medir indicadores como o peso ao nascer dos leitões, taxas de natimortos e perdas durante o período de lactação. Leitões de maior qualidade e uniformidade reduzem a demanda de trabalho na creche, que é a segunda área mais intensiva em mão de obra na suinocultura.

Labor demand in a sow barn
Figura 1: Demanda de mão de obra em uma granja de matrizes

É fundamental mudar a mentalidade de apenas aumentar o desempenho para otimizá-lo por meio de estratégias de custo de produção mais eficientes e sustentáveis4. Os produtores devem se concentrar nos aspectos que realmente fazem a diferença. Por exemplo, ao monitorar as temperaturas nos ninhos e investir em estratégias nutricionais pré-parto, podemos encurtar a duração do mesmo e reduzir a necessidade de assistência constante durante esse período crítico. Ao economizar mão de obra nessas áreas, podemos garantir uma melhor supervisão diária de cada matriz.

Os produtores precisam adaptar as estratégias de manejo para acomodar as restrições de mão de obra e, ao mesmo tempo, atender às demandas da sociedade por mais alojamentos coletivos, redução do uso de antibióticos e reforço dos protocolos de biossegurança5. Por exemplo, inseminar marrãs com a idade e o peso certos e mantê-las em condições corporais ideais desde o início aumentará o desempenho e a taxa de retenção ao longo da vida e provavelmente exigirá menos manutenção para realizar seu trabalho, que é produzir suínos de qualidade.

Como melhorar a eficiência na granja

Automatização

A busca por maior eficiência levou a avanços significativos nas tecnologias de dados nas granjas. Com a entrada e o acesso a dados em smartphones, bem como sensores para leituras precisas, as soluções centradas em dados estão moldando o futuro do menejo de suínos. No entanto, os especialistas concordam que, por mais avançadas que sejam, as máquinas não substituirão os gerentes ou trabalhadores especializados. Em vez disso, essas ferramentas servem como auxílios inestimáveis, permitindo que os produtores gerenciem sua força de trabalho com mais eficiência e melhorem o desempenho do rebanho6.

Um desenvolvimento notável é o uso de alimentadores automáticos, que contribuem significativamente para a eficiência operacional. Esses sistemas podem distribuir a ração com precisão em intervalos programados ou em resposta ao comportamento do animal, otimizando a nutrição e minimizando o desperdício. Além da conveniência, a precisão dos alimentadores automáticos melhora as taxas de conversão alimentar e o desempenho do crescimento, ambos cruciais para a lucratividade da granja. Além disso, esses alimentadores reduzem a demanda de mão de obra, permitindo que os funcionários se concentrem em outras tarefas, como monitorar a saúde dos animais, melhorar o desempenho reprodutivo e garantir altos padrões de bem-estar. Ao aliviar o esforço físico e minimizar o risco de erro humano, os alimentadores automáticos criam melhores condições de trabalho. Eles eliminam as suposições ao fornecer porções exatas de ração em momentos precisos, garantindo que os suínos recebam nutrição adequada. Essa precisão automatizada dá suporte a um fluxo de trabalho contínuo, permitindo que a equipe otimize os horários para atender às necessidades humanas e dos animais7.

Por esses motivos, investir em sistemas de alimentação automatizados, juntamente com soluções de controlo ambiental, deve ser uma das prioridades para melhorar o desempenho da granja e o bem-estar dos animais.

Outros ganhos de eficiência podem ser obtidos por meio de inovações como a instalação de linhas de encanamento de alta pressão com macanismos de desconexão rápida em cada sala, o que economiza tempo em comparação com o arrastamento de unidades portáteis pela granja. Embora os sistemas de água quente possam envolver custos operacionais e de instalação mais altos, eles oferecem recursos de limpeza superiores. Por exemplo, a pré-lavagem das áreas do estábulo por 30 minutos reduz significativamente o tempo de lavagem.

As granjas com um grau mais alto de automação exigem menos funcionários em comparação com aquelas com mecanização mínima. Tecnologias avançadas, incluindo sensores, desempenham um papel fundamental no gerenciamento das operações. Por exemplo, computadores equipados com algoritmos que podem detectar com segurança a claudicação por meio da análise dos padrões de movimento. Esses sistemas também podem monitorar comportamentos anormais, detectar cio, rastrear flutuações de temperatura e até mesmo acompanhar o processo de parto com precisão.

Ao adotar essas inovações, é possível aumentar a eficiência operacional, melhorar o bem-estar dos animais e reduzir a demanda de mão de obra, abrindo caminho para um futuro mais sustentável e produtivo.

Gerenciando a rotatividade e otimizando os processos

A alta rotatividade de funcionários é um desafio crítico na suinocultura. As altas taxas anuais de rotatividade geralmente estão associadas a uma equipe menos treinada e menos eficiente, o que leva a uma maior necessidade de contratação, custos mais altos e menor produtividade geral. Além disso, a contratação de candidatos inadequados pode agravar esses problemas, resultando em menor produtividade, insatisfação dos funcionários e aumento das despesas com mão de obra. O gerenciamento eficaz de funcionários a longo prazo requer programas abrangentes e integrados que abordem tanto a qualidade quanto a quantidade da equipe. A capacidade de uma granja de atingir os níveis de desempenho almejados está intrinsecamente ligada à sua força de trabalho. As granjas que alcançam um bom desempenho o fazem por causa de seu pessoal. Como bem disse um especialista: “Os suínos não alcançam a excelência; as pessoas alcançam a excelência por meio dos suínos”8.

É importante ter uma lista completa de todas as tarefas a serem concluídas por dia da semana e saber o tempo necessário para concluir cada tarefa. Para melhorar o gerenciamento de tempo e recursos, o que pode melhorar significativamente a eficiência operacional e a satisfação da equipe, considere implementar as seguintes estratégias:

  • Registro diário de trabalho: Tomando como exemplo uma técnica de especialistas em gerenciamento de tempo, as granjas podem pedir aos funcionários que registrem como eles gastam seu tempo em um período de duas semanas. A análise desses registros pode revelar quais tarefas consomem tempo excessivo, destacando oportunidades para otimizar os fluxos de trabalho
  • Mapa da granja: A criação de um mapa e a sobreposição das rotas dos funcionários podem esclarecer as ineficiências, como movimentos desnecessários. Essa visualização pode levar a ajustes nas rotas ou até mesmo levar a reformas para otimizar o espaço de trabalho.
  • Criar rotinas detalhadas: O desenvolvimento de rotinas de trabalho diárias claras e escritas desafia tanto a gerência quanto os funcionários a analisar cada ação realizada. Essas rotinas geralmente destacam oportunidades de ajustar práticas ou características físicas do galpão para aumentar a eficiência. Além disso, as rotinas escritas garantem a continuidade durante as férias ou emergências. Por exemplo, a especificação da localização da válvula principal de corte de água prepara a equipe para situações inesperadas9.

A importância de uma equipe motivada

A manutenção de uma equipe motivada e coesa exige esforço deliberado ao longo do tempo. As granjas que contam com pessoas engajadas, que compartilham o compromisso de produzir excelência, tendem a superar as demais. Reconhecer e tratar as ineficiências - sejam elas relacionadas à rotatividade de pessoal, ao fluxo de trabalho ou à granja- aumenta a satisfação dos funcionários e a lucratividade do negócio. Ao se concentrar no gerenciamento eficaz da força de trabalho e em abordagens sistemáticas, é possível reduzir a rotatividade de funcionários, aumentar a satisfação no trabalho e obter sucesso operacional a longo prazo.

O poder da genética

Avanços genéticos estão revolucionando a suinocultura, levando a melhorias significativas na eficiência, na lucratividade e no bem-estar animal. Os leitões Hypor demonstram um potencial de crescimento inicial superior, com um peso médio ao nascer de 1,5 kg. Essa vantagem é reforçada por uma porcentagem consideravelmente menor de leitões com peso inferior a 1.000 gramas em comparação com os concorrentes. Essas melhorias reduzem os desafios associados aos leitões com baixo peso e aumentam a eficiência geral no manejo das leitegadas. Além disso, a alta qualidade e a uniformidade dos leitões Hypor também resultam em menos intervenções necessárias durante as fases de lactação e creche. Isso não apenas reduz a demanda de mão de obra, mas também promove uma melhor sanidade em geral e taxas de crescimento aceleradas, produzindo um desempenho superior em todas as métricas de produção.

O gerenciamento eficiente do rebanho de matrizes é um componente essencial do sucesso da Hypor. Para maximizar a capacidade de desmame e a lucratividade geral, empregamos técnicas avançadas de reprodução que integram dados fenotípicos e comportamentais ao valor genético. Essa abordagem inovadora produz animais fortes e fáceis de manejar que apresentam bom desempenho independentemente do sistema de alojamento. Ao se concentrar na excelência genética, a Hypor reduz a mão de obra necessária, resultando em economias substanciais de custo e aumentando a produtividade geral.

Conclusão

O uso eficiente da mão de obra na produção de suínos é mais do que uma vantagem competitiva, é uma necessidade. Com a escassez de mão de obra, o aumento dos custos de produção e a evolução das demandas da sociedade, os produtores precisam adotar estratégias inovadoras para otimizar sua força de trabalho e melhorar o desempenho operacional.

Combinando inovação tecnológica, estratégias de manejo sustentável e avanços genéticos, os produtores podem otimizar recursos, melhorar o desempenho do rebanho e promover um ambiente de trabalho mais motivador. Estratégias complementares, como a análise detalhada do fluxo de trabalho e os programas de gerenciamento de funcionários, apoiam ainda mais a alocação eficiente de recursos e promovem uma equipe motivada e coesa.

Além disso, os avanços genéticos continuam a redefinir o setor, fornecendo matrizes robustas e fáceis de manejar e leitões uniformes e de alta qualidade que exigem menos intervenção. Ao combinar a genética com práticas de trabalho sustentáveis, os produtores podem alcançar um equilíbrio harmonioso entre produtividade e eficiência, garantindo a lucratividade a longo prazo.

Em última análise, o futuro da produção de suínos está na adoção da inovação, na otimização da eficiência da mão de obra e no desenvolvimento de uma força de trabalho motivada - provando que as pessoas, práticas e tecnologias certas podem transformar desafios em oportunidades de crescimento e sucesso.

Referências

  1. Voce Magazine, April 2022 Edition.
  2. Dr. K. Töller and Dr. M. Knees.
  3. Alves, Laya Kannan & Gameiro, Augusto & Schinckel, Allan & Pospissil Garbossa, Cesar Augusto. (2022). Development of a Swine Production Cost Calculation Model. Animals. 12. 2229.
  4. https://www.porkbusiness.com/news/hog-production/6-trends-watch-maximize-sow-farm-labor-resources
  5. https://www.porkbusiness.com/news/hog-production/6-trends-watch-maximize-sow-farm-labor-resources
  6. https://www.canr.msu.edu/news/can-precision-livestock-farming-help-optimize-farm-labor
  7. https://www.barnworld.com/feeders/the-role-of-automatic-feeders-in-reducing-labor-on-pig-farms
  8. https://swine.extension.org/swine-human-resources-managing-employees/#Staffing_Farms
  9. Pork Information Gateway Factsheets, Efficient Employee Management, Swan, Michael, April 2011.

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