Maximizando o tempo de vida produtivo das matrizes para uma produção sustentável de suínos

Publicado em 5 de Março de 2025

Maximizando o tempo de vida produtivo das matrizes para uma produção sustentável de suínos

A vida produtiva das matrizes refere-se ao período em que uma matriz permanece produtiva antes de deixar o rebanho. Fatores essenciais como saúde, nutrição, ambiente, manejo e genética influenciam significativamente sua longevidade. Algumas linhagens genéticas são conhecidas por sua robustez, enquanto outras são mais vulneráveis aos desafios ambientais. A seleção de características relacionadas à resistência, adaptabilidade, longevidade e até mesmo ao comportamento social garante que as matrizes prosperem em diversas condições ambientais, contribuindo para um rebanho mais sustentável, resiliente e com alto desempenho.

O Impacto Econômico da Vida Produtiva das Matrizes

A contribuição econômica de uma matriz é melhor medida pela produção consistente de leitões de alta qualidade ao longo de uma vida produtiva prolongada. A vida produtiva das matrizes é um forte indicador do lucro total gerado por cada animal e pode ser mensurada de forma relativamente simples.

Como característica, a vida produtiva das matrizes foca no número acumulado de leitões desmamados até o momento da sua remoção. Matrizes que permanecem produtivas no rebanho por mais tempo geralmente desmamam mais leitões ao longo de sua vida, em comparação com aquelas que saem após poucas paridades. Dessa forma, matrizes mais velhas têm maior probabilidade de recuperar o investimento inicial no desenvolvimento da marrã.

Um estudo da Iowa State University¹ sugere que as matrizes devem atingir pelo menos a terceira paridade para se tornarem lucrativas. Ampliar a produtividade além desse ponto aumenta a rentabilidade geral, aumentando o número total de leitões desmamados e reduzindo os custos associados às remoções prematuras.

A paridade média das matrizes descartadas pode indicar o nível de lucratividade de uma operação suinícola (Tabela 1). No entanto, o verdadeiro valor econômico é atingido quando uma matriz desmama o maior número possível de leitões de alto valor por leitegada, repetidamente, sem repetir cios, ao longo de múltiplas paridades. Uma matriz bem manejada, que permanece no rebanho por mais tempo, reduz a necessidade de reposições frequentes de marrãs, levando a menores despesas operacionais (Tabela 2) e maior eficiência do sistema.

Leitões desmamados/matriz 13 13.5 -0.5
Paridade média ao descarte 5 4.5 +0.5
# de leitões desmamados ao longo da vida 65 60.75 -4.25
Preço de mercado de um leitão desmamado $45 $45 n/a
Ingresso/leitões desmamados/vida produtiva $2925 $2734 $191
Tabela 1: Diferença entre desmamar em médio +0,5 leitões ou permanecer +0,5 partos na granja.
Taxa de mortalidade das matrizes 10% 7% -3%
# marrãs de reposição necessárias
(granja de 1000 matrizes)
100 70 30
Custo médio $35000 $24500 $10500
Tabela 2: Poupança associada a uma redução de 3% na mortalidade das matrizes.

Gerenciamento da Retenção e do Descarte de Matrizes

Quanto melhor for o manejo das matrizes, especialmente das marrãs de reposição, maior será a taxa de retenção e menor será a taxa de descarte involuntário. A taxa de retenção é um indicador-chave do desempenho do rebanho e da produtividade ao longo da vida das matrizes.

Para aumentar a retenção de marrãs no rebanho, é essencial selecionar fêmeas estruturalmente robustas e seguir as recomendações para a primeira cobertura. Essa estratégia, combinada com uma condição corporal adequada durante a primeira lactação, influenciará diretamente o sucesso dos próximos ciclos reprodutivos. Dois objetivos fundamentais devem ser considerados: 1) Inseminar ≥95% de todas as marrãs que entram no rebanho; 2) Garantir que ≥75% das marrãs que entram na granja permaneçam no rebanho até desmamarem pelo menos três leitegadas.

As principais razões para o descarte de matrizes incluem falha reprodutiva, baixo desempenho e problemas locomotores². No cenário ideal, o rebanho deve permitir escolher quais matrizes remover (descarte voluntário devido à idade ou desempenho abaixo do esperado) e minimizar a taxa de descarte involuntário (decorrente de problemas reprodutivos e locomotores; Tabela 3).

Por isso, manter registros precisos do desempenho do rebanho é essencial para definir a melhor estratégia de descarte.

Motivo Principais fatores
Não detação de cio em marrãs Manejo das marrãs
Alto IDC* Condição corporal, programa de alimentação, exposição ao macho
Retorno ao cio/NP* Detecção de cio, protocolo IA*
Corrimento vaginal Higiene, protocolo IA*
Abortos Estresse, estado de saúde
Condição corporal Programa de alimentação, manejo durante a lactação
Qualidade ruim do úbere Programa de alimentação na gestação, manejo de maternidade, piso
Doenças Biossegurança, manejo sanitário
Problemas de patas Seleção de marrãs, piso, condição corporal
*IDC = Intervalo entre o Desmame e a Cobrição; *NP = Não Prenhe (retorno ao cio não detectado, diagnóstico negativo de prenhez); *IA = Inseminação Artificial.

Tabela 3: Principais motivos de descarte involuntário.

Solidez Estrutural e Longevidade

Problemas estruturais e locomotores são as principais razões para o descarte precoce de matrizes, antes de atingirem a terceira paridade. Matrizes com problemas significativos nos aprumos têm maior probabilidade de sair do rebanho precocemente. À medida que a fêmea envelhece e ganha peso, ocorre um maior estresse sobre seus membros, aumentando o risco de dificuldades locomotoras.

Alimentação inadequada e altas taxas de crescimento podem agravar esses problemas. As limitações locomotoras podem afetar, por exemplo, a capacidade da matriz de permanecer em pé durante o cio, comprometendo o sucesso reprodutivo e o acesso adequado à alimentação e à água. Selecionar marrãs de reposição com boa conformação e estrutura sólida ajuda a minimizar esses riscos.

Além disso, reduzir as taxas de descarte contribui para diminuir a pegada de carbono associada ao desenvolvimento e reposição de marrãs, já que menos recursos são necessários para a criação de novos animais de reprodução. Manter matrizes por períodos mais longos em ambientes comerciais melhora a sustentabilidade geral da produção.

Para aumentar a produtividade, a substituição de uma matriz deve ser baseada no desempenho da leitoa de reposição, que deve superar a performance projetada da matriz atual para a próxima leitegada. Por exemplo, conforme ilustrado na Figura 1, se a matriz estiver com desempenho inferior à média do rebanho e das leitoas de reposição, chegou o momento de substituí-la.

sow parity 1
Figura 1: Diferença de nascidos vivos de matrizes mais velhas em comparação com a paridade 1.

Embora a mortalidade das matrizes não seja uma razão direta de descarte, ela está naturalmente ligada à longevidade. De acordo com as informações que dispomos³, as perdas por mortalidade de matrizes Hypor Libra são inferiores à média da indústria, representando um benefício para os produtores. As principais granjas ao redor do mundo que utilizam matrizes Hypor Libra apresentam uma taxa média de sobrevivência das matrizes superior a 95% (taxa de mortalidade inferior a 5%) nos últimos oito anos.

A taxa de mortalidade (incluindo matrizes eutanasiadas) em todas as granjas das Americas que utilizam Libra foi 38% inferior à média dos benchmarks da indústria para a região, que foi de 13,6% nos últimos quatro anos (Figura 2).

Annual sow death loss rates - North America
Figura 2: Taxas anuais de mortalidad de matrizes - América do Norte.

Melhorando o Desempenho Reprodutivo e o Bem-Estar

O bem-estar das matrizes é um componente fundamental da produção sustentável. A seleção genética para a capacidade de permanência (Stayability) favorece o desempenho reprodutivo e reduz descartes precoces devido a falhas reprodutivas ou baixo desempenho. Matrizes que desmamam leitões grandes e robustos de forma consistente contribuem para um sistema de produção mais estável e eficiente.

O desenvolvimento adequado das marrãs é essencial para o sucesso reprodutivo. A exposição ao macho, a detecção de cio e o manejo do peso na primeira cobertura garantem que as leitoas entrem no plantel com um forte potencial reprodutivo.

A seleção de características reprodutivas melhora a produtividade das matrizes a longo prazo. O manejo nutricional adequado previne perda excessiva de peso durante a lactação e garante que as matrizes mantenham boa condição corporal para os próximos ciclos. Uma abordagem equilibrada na alimentação reduz o desperdício de ração e promove uma produção mais sustentável.

Sobrealimentar matrizes gestantes ou manter elas em condição corporal excessiva pode reduzir a ingestão alimentar no período de parto, resultando em perda excessiva de peso e baixa produção de leite. Além disso, iniciar a alimentação de lactação muito cedo (mais de sete dias antes do parto) pode impactar negativamente a produtividade.

Manter uma boa condição corporal após o desmame permite que as matrizes retornem ao cio mais rapidamente e contribui para leitões mais numerosos e uniformes. Dessa forma, torna-se mais fácil manter um plantel reprodutivo saudável, com menor incidência de lesões, como feridas nos ombros. Quando se trata de bem-estar animal, esses são aspectos essenciais para um programa de reprodução sustentável.

Manejo Adequado da Lactação

Um manejo adequado da lactação favorece o crescimento dos leitões e ajuda a manter a condição corporal das matrizes, reduzindo o risco de falhas reprodutivas em parições futuras. Algumas pesquisas indicam que os tetos estimulados durante a primeira lactação produzem mais leite e se desenvolvem melhor na segunda lactação em comparação com os não utilizados4. Portanto, para um desenvolvimento saudável do úbere e máxima produção de leite, é recomendável garantir o uso de todos os tetos funcionais já na primeira parição. Um úbere bem desenvolvido, com pelo menos 14 tetos, mas idealmente com 16 ou mais, distribuídos de forma uniforme, é essencial para otimizar a produção de leite.

Seleção Genética para Longevidade e Rentabilidade

Os programas modernos de melhoramento genético priorizam características que contribuem para a longevidade das matrizes e para a rentabilidade geral do sistema. A Hendrix Genetics Swine foca na melhoria genética por meio da seleção para a capacidade de permanência (Stayability), capacidade de desmame e eficiência reprodutiva, entre muitas outras características, para seus produtos maternos Hypor. Ao integrar os princípios de sustentabilidade às estratégias de melhoramento genético e manejo, buscamos desenvolver um plantel que prospere em condições comerciais, mantendo eficiência e rentabilidade. Uma abordagem de seleção equilibrada garante que as matrizes permaneçam produtivas por períodos prolongados, promovendo viabilidade econômica, responsabilidade ambiental e bem-estar animal aprimorado.

Conclusão

A vida produtiva das matrizes é um indicador essencial da sustentabilidade econômica, ambiental e social na produção suinícola. Ao priorizar longevidade, eficiência reprodutiva e bem-estar animal, os produtores podem melhorar o desempenho do rebanho, reduzindo custos e minimizando o impacto ambiental. A escolha de matrizes robustas e de alto desempenho fortalece a estabilidade do sistema, proporcionando um melhor retorno sobre o investimento genético e contribuindo para um futuro mais sustentável para a indústria suinícola.

Referências

  1. Stalder K.J. 2009. Calculating payback parity for replacement gilts. National Hog Farmer. Retrieved from http://nationalhogfarmer.com/genetics-reproduction/0109-calculating-payback-parity.
  2. Serenius, T. and Stalder, K. J. 2006. Selection for sow longevity. Journal of Animal Science. 84:E166-E171.
  3. Hypor Replacement Strategy Manual Version 2.0, 2024.
  4. Farmer C., Palin M. F., Theil P. K., Sorensen M. T., & Devillers N. 2012. Milk production in sows from a teat in second parity is influenced by whether it was suckled in first parity. Journal of Animal Science. doi:10.2527/jas.2012-5127.

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